Da mesma maneira que não pedi para nascer, também não tenciono pedir para morrer. Somente peço a mim mesmo algo de relevante entre esses dois acontecimentos. Algo que valha a pena em que por vezes transformamos a nossa vida.
Não me sinto daqui. Nem d’além. Sinto-me um estrangeiro no mundo que me rodeia. Fugir? Nem pensar, quanto mais corro mais me perco. Vou tentar parar e sentir antes de atravessar o caminho.
Precipito-me e ausento-me. Fui e não devia, sorri e nem queria. Apesar da cara lavada, fujo para o sujo. Sítios peganhentos colam-se a mim e incendeiam-me. Quando o fogo é de artifício, a chama nunca aquece. Se tudo é o que tem de ser, para quê insistir em esquecer? Já passou.
Quando não se é, então o que somos? Ninguém. Por isso, escolhi os princípios que me levam além mesmo que para isso me julguem ingénuo. Espaços cheios de gente vazia observam-me. Confundem simpatia com fragilidade. Abafam o amor-próprio e substituem-no por arrogância. Escondem o pragmatismo atrás do excesso de confiança. Assertividade nunca foi prepotência. Cruzam a calma com a liberdade e chamam-lhe passividade. O silêncio nunca se deveu à falta de palavras. A realidade pode ser cruel, eu é que não.
Dizem que levo a vida demasiado a sério. Normal, é a única que tenho.
P.S.- Já que aqui estou, deixa-me ao menos tentar ser eu.